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A Ilha de Itamaracá está localizada no litoral norte de Pernambuco, a uma distância de 47 km do Recife.

O povoado surgiu em 1508 e foi elevado à categoria de vila em 1540.

Entre 1580 e 1640, período de união das coroas portuguesa e espanhola, os holandeses tomaram decisão de invadir o Brasil pelo Nordeste com o objetivo de garantir-lhes o cobiçado comércio de açúcar e enfraquecer economicamente a Espanha.

Em 15 de fevereiro de 1630, desembarcaram na Praia de Pau Amarelo e, posteriormente, marcharam e ocuparam a cidade de Olinda, apesar da resistência dos pernambucanos.

Em 1631, partiram para a Ilha de Itamaracá, situada mais ao norte. O Canal de Santa Cruz, que separa a ilha do continente, era a principal via de acesso às áreas produtivas. Constituía-se um ponto estratégico, o qual dominava a entrada do canal e que controlava o acesso marítimo a Igarassu, à Vila da Conceição e as demais áreas de escoamento das riquezas. Em uma primeira tentativa de ocupação, foram repelidos pelo Capitão Salvador Ribeiro, que comandava a guarniçãoportuguesa.

Em 1631, regressando ao Recife, o Tenente-Coronel Steyn Callenfels determinou que fosse construído um forte com 33 bocas-de-fogo. Essa pequena instalação, erguida na região sudeste da ilha, tinha o objetivo de apoiar operações futuras.

A edificação executada em “taipa de pilão”, um sistema rudimentar de levantamento de paredes e muros, muito utilizado na época, foi projetada pelo Engenheiro Pieter Van Buerin e coordenada pelo Tenente-Coronel Steyn. Foi denominado Forte Orange, em homenagem ao príncipe Frederico Henrique de Orange que descendia de Guilherme, o Taciturno, tio de Maurício de Nassau.

A concentração das forças holandesas ocorreu nesse local e de lá, sob o comando de Schkoppe, partiram para o ataque a Itamaracá, onde derrotaram as tropas portuguesas.

A estrutura da posição de defesa do forte foi ampliada e tornou-se, mais tarde, um complexo defensivo, com paliçadas e hornaveques. Era o suficiente para proteger a Barra de Itamaracá, que dava acesso ao antigo Porto de Pernambuco e às vilas de Igarassu (Pernambuco) e da Conceição, depois Vila Schkoppe (Itamaracá).

Em fins de 1632, os luso-brasileiros, sob o comando de Bagnuolo, tentaram tomar o Forte. O sigilo das operações era fundamental para o êxito da missão, o que não ocorreu. Os holandeses se cientificaram do ataque, prepararam-se, resistiram e foram vitoriosos na operação de guerra. Bagnuolo retirou-se, deixando para os holandeses as peças de artilharia usadas no combate.

Foram quatro canhões de bronze que pertenciam ao Forte Real do Bom Jesus.

Em 1640, esse Forte serviu de prisão para frades carmelitas, são-bentenses e franciscanos, considerados pelos holandeses, espiões e contrários à expansão do calvinismo no Brasil.

Em 1654, quando pouco restava do território sob o domínio holandês, a instalação foi abandonada por suas tropas e, em seguida, ocupada por luso-brasileiros sob o comando de Francisco de Figueiroa.

Derrotados os holandeses, o Forte ficou em ruínas, sendo reconstruído pelos portugueses que colocaram sobre o portão de entrada, as armas do Reino de Portugal, passando a denominar-se Fortaleza de Santa Cruz de Itamaracá.

Foi reconstruído em 1696.

Reformado em 1777, o forte foi ocupado pelo Padre Tenório em 1817, durante a Revolução Pernambucana.

Em 1971, foram realizadas várias escavações, dentro e fora do Forte, pelo Laboratório de Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), chefiada pelo Arqueólogo Marcos Albuquerque, oportunidade em que identificaram a cozinha, a capela, os alojamentos e os paióis. Foram resgatados também vários objetos de uso pessoal dos holandeses como munições e canhões de vários calibres.

Em 1973, foi parcialmente restaurado pela Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).

Em 1980, o Ministério do Exército realizou algumas reformas, transferindo sua administração para a Prefeitura Municipal de Itamaracá. Surgiu nesse período, o personagem José Amaro de Souza Filho, ex-presidiário e artesão, que passou a ser o guardião do forte.

A partir de 1991, foi criada a Fundação Forte Orange pelo próprio José Amaro, que se tornou o presidente da entidade. Esta começou a se encarregar da administração do forte até 1988, quando o patrimônio foi retomado da prefeitura e transferido para o Ministério da Cultura e logo depois, para a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco (FADE/UFPES).

A FADE coordenou em fevereiro de 2002, projetos de pesquisa arqueológica com recursos do Governo holandês.

de frente para o mar.

O Forte

“...é um forte quadrangular com quatro

baluartes, elevados, tendo em certo trecho um fosso,

mas pouco profundo e seco;

está cercado por uma forte estacada...”

Relatório sobre o estado das capitanias conquistadas no Brasil (4 de abril de 1640).

O Forte Orange possui uma estrutura arquitetônica das mais belas e seguras de todos aqueles que foram edificados no período colonial. Seus quatro baluartes permitiam a segurança em todas as direções, quer a ameaça fosse por terra ou por mar. Protegia o acesso ao embarque e ao desembarque de navios que se destinavam aos portos de Igarassu e Vila da Conceição.

A região do Forte é uma área de incidência muito intensa de correntes de ventos que se alteram segundo a época do ano. Apesar da grande quantidade de detritos trazidos pelo rio que deságua entre a ilha e o continente, conserva-se um canal com profundidade suficiente para hoje navegarem embarcações de até nove metros.

O Forte sofre com as intempéries e, muitas vezes, as areias ameaçam atingir o topo das muralhas, invadindo os terraplenos. O mar também deixa suas marcas nas paredes de pedras, ora cavando perigosamente as bases, ora depositando grandes volumes de areia a seus pés. Até mesmo sua entrada, voltada em direção oposta ao mar, muitas vezes é entulhada pela areia movimentada pelos ventos. O frontão, acima da porta de acesso, guarda o símbolo da Coroa portuguesa. É um belíssimo trabalho de cantaria, executado em calcário. O Forte, em sua maior parte, foi construído em pedra calcária. As paredes do trânsito, que dão acesso para o Forte, dispõem de seteiras, de onde os homens disparavam contra o inimigo que penetrasse em seu interior, após rompida a barragem dos fogos de artilharia.

Uma segunda linha de defesa era a porta, tipo guilhotina, coberta por fogos cruzados do defensor. A terceira linha, a porta no limite da praça de armas, constituía-se no último obstáculo a vencer por quem invadisse a edificação.

Sobre o trânsito, o corpo da guarda e demais dependências encostadas às contramuralhas da cortina de entrada, corria um piso em madeira, o assoalho de um sobrado que seria, provavelmente, as acomodações do comandante e de seus assessores. No intuito de vencerem o amplo vão do corpo da guarda e cadeia, usaram arcos romanos para a sustentação do piso superior, sem que fosse perdido o espaço necessário às operações realizadas pelos soldados na defesa do Forte.

A capela destacava-se no interior do Forte, dominando a visão de quem chegasse à porta de entrada. O alojamento, ao seu lado, dava início a uma sucessão de dependências que contornavam a praça das armas. No centro do pátio, uma cacimba garantia o abastecimento de água, que era salobra.

Criado por Alberto Azevedo

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